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Não é segredo para ninguém que há um movimento nacional pelo fim da homofobia. Não são poucas as manifestações contrárias, por exemplo, aos ataques ocorridos em plena Avenida Paulista, em São Paulo. Mas quando o assunto é escola a coisa muda de figura…
A história do preconceito é sempre a mesma: ‘Não há preconceito no Brasil’. Ou melhor, vamos traduzir do modo que a bonita leitora e o feioso leitor {{eles também amam}: Há preconceito no Brasil, mas não sou eu nem você quem o pratica.
E nesta base temos o bom velho ditado sobre a homossexualidade:
Ou seja, nada contra os gays, desde que eles estejam em outro planeta. Aí fica fácil né?!Não tenho nada contra os gays, mas eles lá e eu cá
Mas quando ataques como estes se iniciam, ou seja, quando alguém ousa levar ao fim e ao cabo o tal do ‘em outro planeta’ aí então temos a volta do combate às cáries e todos gritando e esperneando que isso é um absurdo. E de fato é.
Interessante, no entanto, é notar que pouquíssimos simpatizantes do fim aos ataques são também simpatizantes a uma educação formal que trate do assunto. Sim, senhoras e senhores, estou falando do tal ‘Kit Gay’.
Observe as duas imagens:
“Ninguém nasce homofóbico.”
Homofobia se aprende, sexualidade não |
“Seu filho hétero é o próximo.
Atenciosamente, Movimento Homossexual” |
Chegamos ao ponto G, com o perdão do trocadilho infame. A questão é que as pessoas associam educação sexual nas escolas com incentivo ao sexo, do mesmo modo que associam falar sobre homossexualidade com incentivar crianças a serem gays.
E este é o tipo de discussão que está baseada justamente no preconceito incutido em cada um de nós. O que realmente preocupa os pais representados pela imagem à direita é: não quero que meu filho seja gay.
Explico-me: o medo transforma o racional e passa a dominar também o discurso. O racional sempre recebe influência do emocional. O blogueiro aqui {{no caso eu mesmo}} não se lembra do dia em que acordou e ficou horas pensando se deveria ser homossexual ou heterossexual.
Você aí, se lembra?
Certamente não. Seria um problema de memória que nos afeta a todos? Memória seletiva?! Ou seria mais lógico supor que esse dia simplesmente não existiu?!
As teorias da conspiração que procuravam provar que se pode curar um homossexual já estão deveras esquecidas para sequer serem lembradas ou levadas a sério. Opção sexual não é opção, nem doença.
A discussão pode ser ainda mais aprofundada quando o assunto é, de fato, levado a sério. Qual o papel da escola quando o assunto é afetividade e sexualidade?! Me parece bastante claro que a tática de ignorar os temas apenas trazem dificuldades à prevenção a AIDS ou ainda gravidez indesejada. E porque não podemos dizer o mesmo da homofobia?!
Se o assunto é tabu, se a grande parte dos pais não tratam desse assunto com os filhos {{não acredite em mim}} não seria papel da escola tratar?!
Sobre o kit gay um dos bravos deputados disse claramente sua opinião:
Kit contra homofobia = Kit Gay
O blog “Eleições Hoje” disseca bem o assunto e esclarece pontos importantes:
É bom esclarecer de novo que o tal kit é feito para o Ensino Médio. Eu mesmo sou a favor da discussão bem antes, no ensino fundamental.O projeto Escola sem Homofobia é um braço do programa Brasil sem Homofobia. Um grupo de trabalho foi criado para discutir a questão da homofobia em ambiente escolar. É composto por gestores do MEC (Ministério da Educação) e ONG’s como a ABGLT, Ecos – Comunicação em Sexualidade, Pathfinder, Reprolatina, Galé International , entre outras. A primeira ação do grupo foi realizar uma pesquisa nacional para diagnosticar a situação das escolas públicas brasileiras no que diz respeito da homofobia.
{{não acredite em mim}}
É lamentável ver que ainda existem seres pseudo-humanos que acham que a homossexualidade pode ser incentivada.
E me bate uma pergunta: Com tanto preconceito no mundo, quem seria doido de, racionalmente, optar por ser minoria?!
Mas, afinal, do que é feito o tal kit?! Assista ao vídeo que causou a ira do deputado:
Quando falamos da violência no trânsito ninguém questiona se é papel ou não da escola tratar esse assunto. Então o que muda quando o assunto é a violência contra outro ser humano?
Falar de bullying é aceitável. Aliás, é mais do que isso, é recomendável. Então porque falar sobre a violência contra homossexuais é polêmico?!
Em tempo o abaixo assinado favorável ao projeto -> http://www.peticaopublica.com.br/?pi=kitsim