Posso falar do feminismo?!



   Reflexões de um homem {{e machista}} acerca da discussão estratosférica sobre o feminismo e o machismo. A blogosfera está madura?!

   Pobre Luis Nassif {{e, nesse exato instante pobre de mim que ousei dizer pobre Luis Nassif}}.

   Se você chegou até aqui sem entender o que houve vou tentar explicar rapidamente a polêmica toda que houve ao redor do tal blogueiro.

   Luis Nassif é um jornalista, mas não é um jornalista comum. Ele tem um portal onde seleciona alguns artigos e os publica. Luis Nassif tem certa popularidade.

   Um dia {{eu ia dizer um belo dia, mas achei que não condizia com a situação}} um dia o Nassif resolveu publicar um texto sobre o feminismo, escrito por um homem. Pior, escrito por um homem machista que não admitia ser machista. Acabou, por isso, dando voz ao preconceito {{não acredite em mim}}.

   O texto usava um termo um tanto pejorativo {{feminazi}} para se referir ao que o autor {{não o Nassif, o Nassif só publicou}} chamava de ‘feministas radicais’

   Como era de se esperar um monte de gente respondeu ao autor do artigo e ao Nassif. Gente que entende do assunto e gente que não entende do assunto. Gente que xingava e gente que era didática.

   A @Maria_Fro escreveu esse post aqui –> http://www.viomundo.com.br/blog-da-mulher/blogosfera-progressista-feminismo-e-polemicas.html

   Siga as pegadas e facilite o meu trabalho, no texto da Maria Frô há uma série de links de textos sobre o assunto, inclusive a justificativa do Nassif para a publicação.

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   Como bem disse a Maria Frô:

mariafro

   Bom, o problema é que ao defender o feminismo, outro homem, Idelber Avelar, resolveu atacar o que se chama, hoje, de Blogueiros Progressistas {{não acredite em mim}}.

   Os tais blogueiros progressistas foram responsáveis, entre outras coisas, pela entrevista do Lula à blogosfera. Não são formados só por homens e nem só por mulheres machistas, está aí a Maria Frô, que não me deixa mentir.

   Aí que outro blogueiro resolveu falar da questão e intitulou seu artigo: “A quem interessa desagregar a blogosfera?” {{não acredite em mim}}.

   E aí cheguei eu. Eu que sou homem, fui criado basicamente pela minha mãe {{“olha a argumentação machista, Caipira!” Calma, sô!}} e tenho absoluta convicção de que tenho algum nível de machismo em mim.

   Foi Paulo Freire que falou que o primeiro passo para acabar com qualquer tipo de preconceito é assumir os nossos, aqui estou eu, dando o blog a tapa.

   Não vou falar da importância do feminismo por um motivo simples: sou homem, não estudei o assunto profundamente e, por isso, não me sinto capaz de assumir a bomba.

  Faço melhor, publiquei um artigo de uma mulher, feminista. Creio ser o menos machista, desta forma.

   Não posso, no entanto, deixar de notar que o machismo {{pode falar isso?}} tende a transformar a mágoa masculina em agressividade. Nem posso deixar de notar que os textos masculinos aqui citados tem um tom agressivo, no mínimo, exagerado.


   No teatro, na dramaturgia {{eu tenciono fugir para temas que entendo quando me sinto acuado}}, a regra é fazer da obra uma lupa, ampliando algumas características, ressaltando o conflito, para se discutir alguma questão.

   E farei o mesmo com esta discussão. Pergunto: pode um homem falar sobre o feminismo?

   Pegando aquela lupa ali de cima e ampliando até o limite, um homem falando do feminismo soa como paternalismo. Usando a lupa, o homem terá sempre que ser lido com ressalvas.

   Usando a mesma lupa eu direi que só é legítimo o discurso de uma mulher sobre o feminismo. Mas não sou ingênuo a este ponto.

   Entendo que um homem pode falar sobre o feminismo, como um branco pode falar sobre a questão do negro e um heterossexual pode falar sobre o movimento gay {{substitua gay pela sigla que se usa hoje em dia, me perdi no tempo}}.

   Contudo, cabe ao autor ter a clareza de que não é o mais legítimo dos oradores sobre o assunto. Porque senão você cai no erro de criticar um grupo de pessoas por algo que está fazendo no exato momento em que critica.

   Sobre agregar ou desagregar, parece-me uma série de erros de definição.

   Primeiro que agregar é juntar, reunir. O erro de Nassif, me parece {{e no tema ‘blogueiros progressistas’ eu cheguei agora, é bom dizer}} ter feito mais agregar do que desagregar.

   Há tempos que não via a blogosfera tão sacudida. Você pega este post aqui e vai ter um monte de links para a mesma discussão. Você pega cada texto e vê uma série de links para outros textos.

   Quer mais união que isso?!

   Ou seja, me parece que o erro crasso e grave, é não conseguir enxergar a realidade sem a tal da lupa. A união não é e nem deve ser unânime.

   Ainda que Idelber Avelar e Eduardo Guimarães não queiram, os textos contraditórios só fazem agregar valor e conteúdo. Como {{e agora serei xingado}} o texto do André, dentro de toda a falta de informação que contém, foi importante mecanismo para que esta união ocorresse.

   Pode um homem falar de feminismo? Pode. Mas é bem mais interessante quando ouvimos de uma mulher.


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