TCE suspende principal licitação para combate às enchentes
do Tietê em SP
Arthur Guimarães
O Tribunal de Contas de São Paulo (TCE-SP) determinou a interrupção
temporária do pregão lançado pelo governo estadual de São Paulo para
contratação de empresas interessadas em limpar, transportar e triar os detritos
que se acumulam no fundo do rio Tietê, serviço essencial para o combate às
enchentes na capital paulista.
Segundo decisão do TCE-SP de 23 de março, dia anterior à
abertura do certame, o edital elaborado pelo Departamento de Águas e Energia
Elétrica (DAEE) foi suspenso até que os conselheiros analisem contestações
feitas por participantes do pleito – não é possível saber quanto tempo levará o
diagnóstico.
Na ocasião, o DAEE foi solicitado a enviar a documentação
sobre o edital, publicado no começo do mês. Foram requisitadas planilhas, o
projeto básico, memoriais e a minuta do contrato.
Todo o material já foi recebido pelo tribunal, mas a
verificação dos documentos não entrou na pauta da última sessão do TCE-SP, na
quarta-feira (30). A próxima reunião acontece na semana que vem, no dia 6, mas
igualmente não há garantia de que o tema será discutido.
Entre os pontos contestados, estão críticas variadas sobre o
formato da concorrência pública. A primeira reclamação aponta que a modalidade
escolhida, o pregão, não poderia ser usado para serviços complexos de
engenharia.
Outra crítica recai sobre a inclusão, no lote 2, da
necessidade de a empresa vencedora fazer também o serviço de beneficiamento do
material retirado – e não apenas a limpeza e o transporte.
Como anunciou o governador Geraldo Alckmin, o Estado quer
separar o lixo da terra, como forma de reaproveitar os resíduos e baratear o
processo. Pela contestação enviada ao TCE-SP, a inclusão dessa nova tarefa
tornaria o edital injusto, pois as empresas de engenharia, no geral, não teriam
especialização em beneficiamento de detritos, o que poderia favorecer determinada
firma.
Apesar de ser uma prática corriqueira em licitações, a
interrupção para estudo de impugnações adia o início do projeto que é uma das
bandeiras de maior destaque neste começo da gestão Alckmin no Estado.
No total, após enfrentar três transbordamentos do Tietê
desde a posse, o tucano anunciou um pacote de intervenções de macro drenagem da
ordem de R$ 558 milhões na Região Metropolitana, sendo que o desassoreamento do
leito do Tietê é um dos itens mais importantes do plano.
Outro lado
O DAEE foi solicitado a comentar a reportagem, mas não
enviou seu posicionamento até a publicação deste texto.