Xenofobia: Quando a poeira baixa, mostram-se as armas.



   Agora que a eleição acabou surgem manifestações já antigas de xenofobia e preconceito com o intuito de explicar a nova derrocada da direita no país. A mídia, agora, finge perplexidade.


   Antes que os nobres senhores se emocionem com a empreitada da ImprenÇa contra o xenofobismo, é bom lembrar alguns fatos:

xeno1
{{não acredite em mim – só para assinantes}}

Já o Estadão, em artigo de 13 de outubro:
“As pesquisas de opinião revelam que os votos de Dilma e Serra têm diferentes bases sociais. Quando analisadas por escolaridade e renda o padrão de Dilma é uma pirâmide; seus votos são proporcionalmente mais altos nos estratos de mais baixa renda e escolaridade, e caem na medida em que sobem a renda e a escolaridade”
(…)
“Termino com mais uma pergunta: por que morar em certos Estados e regiões do País está fazendo tanta diferença na hora de votar?”
   Ora, o que é isso senão dizer: Dilma foi eleita pelo NE {{e assumir que o NE tem menor escolaridade}}?

   Acontece que Dilma foi eleita pela região Sudeste e Sul também. Ou seja, partindo da argumentação xenófoba de que S e SE deveriam se separar do resto do país, ainda assim teríamos Dilma presidenta.

xeno2

   Ou seja, a questão da xenofobia, além de ter sido alimentada durante meses {{a matéria da Folha é de maio de 2010}} não se sustenta.

   Como alguns de nós sabemos, o Brasil é uma república federativa {{por isso, talvez, leve o sugestivo nome de República Federativa do Brasil, mas é só uma tese…}} democrática, um Estado de Direito {{outrora Estado de Direita…}}.

   Para que fique claro o significado, vamos ao Caldas Aulete:

aulete

“Estado assistencial  

1  O Estado (organismo político e administrativo) visto como provedor do mínimo necessário ao bem-estar do cidadão (alimentação, saúde, habitação, transporte, habitação etc.), de modo a compensar lacunas e carências geradas por desigualdade social. Com inicial maiúsc.]
(…)
Estado de bem-estar (social)  
1   Econ. Pol.  Ver Estado assistencial. ”
   Seria injusto, como gosta de dizer a clientela mais fanática, se essa história de igualdade social fosse gerada por preguiça ou por burrice {{São Paulo elegeu o Tiririca, Maluf, Pitta, Clodovil, entre tantos outros, só para deixar claro essa questão da inteligência}}.

   Como não sou daqueles que gostam de dizer que a história de nada serve, relembro aos leitores menos sagazes que a região NE é defasada economicamente por questões que convém perguntar aos professores de cursinho {{sim, até estes são capazes de explicar}} e não ao blogueiro, que já tem perguntas em demasia.

   Voltando a análise séria, o que poderíamos esperar de uma turma cuja informação chega através dos dois principais jornais do estado {{São Paulo}} ? Ora, não foram justamente estes dois, mais a turminha do Reinaldo Azevedo {{não acredite em mim}} quem adorou ficar divulgando dados sobre a escolaridade do voto petista?

   Não são poucos os casos de demissão por contas no Twitter pela ilusão de anonimato que ele causa. E é como diz um grande amigo meu “na bebedeira, na brincadeira e no anonimato é que se diz o que pensa”.

   Pois sim, senhoras e senhores, aí está o resultado de uma mídia tão bem informada e informativa.

   É claro que não sou daqueles que considera a mídia a grande culpada por tudo. Houvesse educação formal neste país e nenhum ser humano chamaria Dilma de terrorista ou Erra de covarde. Houvesse educação formal neste país e nenhum ser humano chamaria o Bolsa Família de ‘bolsa-esmola’. Houvesse educação formal neste país e nem se precisaria de tanta "Bolsa-Família.


   Mas não há. E aí é que entra a responsabilidade da imprenÇa. Porque o poder de quem é provedor de informações {{ainda que deturpadas}} aumenta na proporção inversa a tal escolaridade. E vejam, não estou falando do nível de escolaridade, mas da qualidade da escola, em todos os níveis. Estou incluindo escolas e universidades públicas e particulares. Com alguma nuance, é claro.

   Não adianta vídeos e mais vídeos demonstrando o quão injusto é a tal ‘culpa nordestina’ pela eleição de um ou de outro.

   E não isento blogueiro e twitteiro que compara Bolsa-Família com cesta básica e depois escreve post indignado com o xenofobismo {{falo de um blogueiro específico mas não cito nem os tweets nem o post por considerar injusto a publicação sem prévia autorização do autor, autor quê, querendo, terá espaço neste blog para se defender, desde autorizada a publicação das conversas}}.

   Quando você diz que Bolsa-Família é o mesmo que dar uma cesta básica no mês da eleição; quando você compara o Bolsa-Família com compra de votos; você está isentando aqueles que dizem que o NE não tem consciência. E por consequência está dizendo que o NE é burro {{a região NE, esclareço, é a região onde mais famílias estão cadastradas no Bolsa Família}}. Simples assim.

   E ignora um fator extremamente importante da democracia. Cada um defende aquilo que lhe interessa. Ou seja, à elite faz-se necessária a defesa de seu status quo enquanto às classes mais pobres {{e aqui não falo da região NE mas dos votos com menor escolaridade}}, cabe a defesa do projeto que lhe deu poder de compra. E com ele independência, inclusive, de pensamento.

O resto, minha gente, é demagogia barata.


Links do Ocioso...