"Amor e Revolução" e a folha: ditadura x ditabranda



Não é de se surpreender a revolta do jornal folha de São Paulo {{com minúsculas mesmo, saiba o porquê}} com a novela Amor e Revolução. Em crítica do dia 10 de abril, na 'matéria' intitulada "Aposta do SBT não vale como ficção nem como documento" sobram argumentos infantis, dignos de adolescente mal criado e faltam aspectos artísticos para tal {{não acredite em mim}}


Diz o "crítico" da folha:

As novelas da Globo, que nos servem de referência, também são ruins.

Bem eu não sou lá dos maiores fãs da rede Globo, mas negar o óbvio é que é uma piada, exemplifico:

Atores vão ao Uruguai para promover 'Passione' e 'Viver a Vida' {{não acredite em mim}}
E o óbvio diz que as novelas brasileiras são as melhores do mundo, sendo exportadas tanto para a Europa quanto para América Latina, atingindo status de linguagem universal, óbvio como dizer que os romances nasceram dos folhetins, igualmente criticados à sua época.

As novelas tem linguagem engessada, sabemos todos. Mas isso não tira o valor cultural delas, a frase "as novelas da Globo são ruins" beira o adolescente rebelde, sem causa definida. E olha que este que vos escreve achou "Passione" uma das piores novelas que já viu, em termos de direção de atores...

O artigo do autor da novela, em compensação foca apenas nos erros do 'crítico' da folha. E, por isso mesmo, tem grande acerto. Não ficaria bem ao autor criticar quem reclama dos aspectos críticos de sua novela; teríamos aquele 'ar' de "menino mimado". Coisa que não ocorre, como foi dito, pela boa retórica, baseada em fatos concretos. Diz o autor da novela:

O colunista Fernando de Barros e Silva errou ao avaliar a novela do SBT "Amor e Revolução" ("Aposta do SBT não vale como ficção nem como documento", Ilustrada, 10/4/2011).
Afirmou que "antes do golpe de 1964 (...) não havia guerrilha no Brasil". Mas não é o que diz Elio Gaspari, em "A Ditadura Derrotada", capítulo "Pelas Barbas de Fidel": "No início de 1962, uma nova organização esquerdista recebera a bênção cubana. {{não acredite em mim}}

Não é surpresa, contudo, que um jornal que chama militantes de esquerda em época de ditadura militar de terroristas {{não por acaso o mesmo nome dado pelos militares aos militantes; o que mostra bem o lado em que o jornaleco se coloca na questão}} ache ruim uma novela que traga o assunto à pauta.

Quando um assassino é preso o cúmplice também não gosta que se fale no assunto... vai que alguém lembra que o assassino teve um cúmplice, né?! A ditadura assassinou e torturou {{grupos de esquerda também assassinaram eu sei...}} e a folha foi cúmplice. Duvida? Veja o que diz a própria folha... {{não acredite em mim}}.

Deve ser o medo da associação "crimes dos militares - ajuda da folha" que o artigo de Fernando Barros e Silva {{linkado no começo deste}} termina com a frase:

Na novela com intenções edificantes do SBT, porém, adular a atual presidente parece mais importante do que esclarecer as massas. 

Pergunto: onde é que falar da ditadura esbarra em 'adular' a presidentA ? Melhor não investigar a resposta, sob pena de carros emprestados para o DOI aparecerem no assunto...

Sob aspectos artísticos a novela tem diálogos sofríveis, isso é inegável. O autor {{dos diálogos}} parece buscar um didatismo que beira o ridículo para quem sabe um pouca da história e parece irreal para quem não sabe... um problema com boas intenções, é verdade.

A direção dos atores está anos à frente da direção dos atores de Passione, por exemplo. E séculos atrás da direção de atores de Insensato Coração, para comparar com a Globo, como quis Fernando.

A ideia, nada nova, de depoimentos ao final da novela serve para trazer o espectador de volta à realidade e lembrar que a novela cria ficção em cima de fatos concretos. Como novela é um belíssimo ato de coragem, o tema abordado. Como arte é, de fato, sofrível.

O enredo é bom, o tema é corajoso. Os atores são medíocres {{na real acepção da palavra, ou seja, na média}} e os diálogos terríveis. Mas eu assisto, porque dificilmente terei a chance de ver tanta coragem na televisão brasileira tão cedo.

Mas se eu tivesse o sobrenome Frias {{que fria!}} faria de tudo para adular o SBT. Vai que 'dá na telha' da emissora tocar em assuntos nem tão agradáveis, como os veículos utilizados pela ditadura e quem os fornecia, né?!


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