Jornalismo, humorismo, CQC e outras aberrações...



Não são poucos os fãs fanáticos [são tão fanáticos que justificam o pleonasmo] do CQC, outros nem tão fanáticos do Casseta e Planeta, e outros programas humorísticos. Opa! CQC é humor? Ou jornalismo? Ou ambos?

              Você pode ser novo demais para saber (eu também sou, portanto a desculpa é escusa), mas o Casseta e Planeta começou como jornal vendido nas bancas, fez tanto sucesso que acabou na televisão.

              No entanto, não há dúvidas  de que o Casseta faz, e sempre fez, humorismo.

              Pode  ser que você seja novo demais para saber que no ano de 1969 era lançado um semanário chamado "O Pasquim", cujos assuntos eram os mais diversos (drogas, sexo e afins) mas que foi ficando mais politizado a medida em que a ditadura ficava mais dura (desculpem-me não resisti ao trocadilho).

Capa do semanário de 1974


           Agora as coisas começam a ficar mais confusas. Seria "O Pasquim" jornalismo ou humorismo?

           Nem comecem a comparação com CQC porque seria por demais desleal.

           "O Pasquim" fazia jornalismo. Por quê ? Vamos com calma.

"A journalist collects and disseminates information about current events, people, trends, and issues. His or her work is acknowledged as journalism."
Jornalismo é a atividade profissional que consiste em lidar com notícias, dados factuais e divulgação de informações. Também define-se o Jornalismo como a prática de coletar, redigir, editar e publicar informações sobre eventos atuais.
          Estas são as definições da wikipédia, americana e brasileira sobre o que é jornalismo. Seria coletar e disseminar informações sobre eventos, pessoas, dados etc. [você sabe ler, afinal] "O Pasquim" não apenas coletava dados, mas principalmente disseminava informações "anarquistas" [uai, se o povo considera a Dilma terrorista eu posso dizer que as informações são comunistas / anarquistas / socialistas, a ditadura dizia o mesmo de ambos] contra a ditadura militar.
 
          Fazia isso não apenas com reportagens escritas, mas principalmente com charges e bom humor. Praticamente ensinou a mídia que a classe média não precisava de linguagem culta para ficar bem informada. Havia um motivo bem claro para que o jornal fizesse denúncias, o motivo chamava ditadura militar.

          Aí temos o CQC.



             Ele faz denúncias? Faz. Mas isso faz do programa um programa jornalístico? Não.

             Não vou utilizar como argumento o simples fato de que, na foto acima, há apenas um jornalista de profissão. Isso porque nossa justiça já nos disse que diploma é bobagem. Mas pergunte-se porque é que o CQC prefere atores e comediantes tendo apenas um cara para "comandar" a pauta? [estou assumindo erroniamente que o Tas é quem determina as pautas, já vimos que não é verdade com o caso de Barueri, amplamente divulgado e que, você deveria saber sabe, foi plagiado da matriz argentina]

            Um jornal, utilizando o caso de Barueri como exemplo, teria feito a denúncia e fiscalizado a atuação do prefeito, indo atrás do ministério público para fazer a denúncia e observando qual a resolução do caso. O CQC não precisa/quer fazer isso. Basta a ele criar a confusão toda, que será noticiada posteriormente por jornalistas que fazem jornal [é, mas eu gosto de pleonasmo fazer o quê?]

            Eu mesmo já fiz uma crítica ao "denuncismo" sem sentido que o CQC faz, passando a já batida idéia de que todos os políticos são corruptos, toda nudez infantil é pedofilia e outros tantos casos levados menos a sério do que deviam, mesmo em caso de humorismo.

            Não é de hoje que a comédia é tratada como assunto baixo. Aristóteles já disse isso [em outro sentido, mas darei uma de CQC e não vou explicar a fundo], a Igreja já disse isso e parece mesmo que o CQC e, principalmente, seus fãs pensam o mesmo.

Afinal, qual o problema de admitir que é um programa de humor?


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8 comentários

  1. .ponto says:

    Me colocarei a parte da atitude tomada pelo CQC a respeito da situação de Barueri, sitada por vc no post, até pq ainda não cheguei em nenhuma conclusão (conversaremos sobre isso). Quero apenas dizer que, se existe alguma dúvida que o programa do CQC é também (ou apenas) humorístico, ou seja, que o humor é a arma do programa, basta assistir o quadro ''Top Five da TV brasileira'' deles. Apenas uma reunião de notícias que implicam em, digamos, ''humor de humilhação''. Que aliás, a quantidade de material ''humorístico'', em tese, homofóbico, que eles têm é impressionante. Um tanto irresponsável, eu diria, se utilizar de situação homossexuais e suas variantes para gerar humilhação em prol do humor deles. Aqui vai um link de um dos ''Top five'' deles, onde das cinco ''notícias'', três utilizam de situações homossexuais como intúito pejorativo: http://www.youtube.com/watch#!v=LGlj6H2YEBM&playnext_from=TL&videos=tXGF_kaHxCQ&feature=rec-LGOUT-exp_stronger_r2-2r-1-HM .
    Não que eu ache q seja uma exclusividade deles. Muito pelo contrário, é um acontecimento social imenso. Mas quando se trata de expor um material na imprença (homenagem ao teu blog, huahua), existe uma responsabilidade pela qual zelar, acredito eu.

  2. Parabéns pelo texto, muito bem escrito.
    Sou fã do CQC e até tenho um blog sobre o programa! :P

    O CQC é sim um humorístico que usa pautas jornalísticas para fazer algumas de suas matérias. Este é o formato original do programa que nasceu na Argentina, onde está no ar há 15 anos se não me engano.

    Eu gostei do que o Cardoso disse sobre o Casseta e tomei isto para explicar a minha visão sobre o CQC: "O CQC desperta a consciência social através do humor"
    E foi exatamente isso que aconteceu lá em Barueri e tantos outros Protestes Já.

    PS: O CQC conta com 02 jornalistas de formação: Rafael Cortez e Felipe Andreoli, mas isso pouco importa!

    http://www.cqcblog.com

  3. Vivis,

    Na minha opinião o CQC só desperta uma PSEUDO-consciência social, já que fica no superficial do "Olha como são corruptos" quando poderiam se aprofundar mais sobre os temas,

    Obrigado pelo elogio, continue visitando o blog!

    Abços

  4. Mas se aprofundar de que maneira?
    Vejo que hoje em dia muitos jovens se interessam mais por política por causa do CQC. Tenho uma filha de 14 anos q não dava a mínima pra política e depois de começar a assistir ao CQC começou a se interessar, discutir sobre.

  5. Anônimo says:
    Este comentário foi removido por um administrador do blog.
  6. Anônimo says:

    @.ponto
    simm o programa é de humor, mas com jornalismo assim.
    pq podemos falar que tal político fez isso e/ou aquilo de um modo mais agradável, e pq ñ escolher o melhor deles? o humor!

  7. Só pra vc saber, anônimo, tudo em maiúsculas eu apago mesmo... escreva o mesmo recado em minúsculas que eu publico, ok?

  8. @Vivis
    Vivis,

    Desculpe a demora...

    Se aprofundar é mostrar como as leis são feitas, de que forma protestar, ir atrás de discussões políticas e apontar os caminhos, além dos defeitos... mas isso tudo não dá audiência e também acho que seria inviável pela TV.

    Não sei se é papel do CQC educar (acho que não deveria ser), mas hoje em dia eles estão deseducando, mais do que educando...

    Quando você passa a imagem de "todo político é corrupto" você passa junto a imagem "vote em qualquer um, dá na mesma".

    Isso aí só interessa ao Tiririca e afins...

    Abços

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