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Novela. Sim, você está no blog certo. Sim, é um blog sobre a mídia e sim, vamos falar sobre novelas. Até porque, ultimamente não tem feito muita diferença mesmo.
Se você acha que este blogueiro (que nunca bateu lá muito bem mesmo) enlouqueceu, mantenha a calma. Eventualmente eu irei me explicar. Mas primeiro vamos à lista de algumas das novelas mais bacanas que já tivemos.
- A próxima vítima
- Kubanacan
- Viver a vida
- Maníaco do parque
- Farah Jorge Farah
- João Hélio
- Avião da Gol
- Nardoni
- Glauco
A questão é muito simples, a forma como a notícia é dada. Todos lembramos de jornais sensacionalistas, mas raramente temos coragem de apontar que as grandes empresas do setor são, também, "exageradas" ao falar de algumas notícias.
Pegue como exemplo o caso do menino João Hélio, que já comentei aqui.
Não estou discutindo a gravidade do casoÉ óbvio que é um caso grave, que precisa ser noticiado. Mas é preciso criar uma novela a respeito do assunto?
Trabalhei 1 ano como Coordenador do Dpto de Desastres da Cruz Vermelha Brasileira - Filial do Estado de São Paulo, tive a experiência de conversar com muitas vítimas de fatos tão ou mais horríveis que o noticiado e minha opinião é a mesma até hoje:
Familiares de vítimas não deveriam dar entrevistas.Não é só falta de respeito. É uma questão de mensagem a ser passada. A mídia deveria ter uma responsabilidade a respeito daquilo que fala (também já falei disso aqui). É óbvio que a mãe de um filho assassinado, no calor do momento, dirá cobras e lagartos a respeito do criminoso.
Mas quando a mídia dá voz a ela, todos nós passamos a odiar o assassino. E começa um processo de perseguição a um criminoso, muitas vezes injusto.
OPA! INJUSTO??
Sim, cara pálida. Injusto o processo de perseguição. A justiça é (ou deveria ser) igual a todos, certo? Mas como fica um juiz que concede proteção ao assassino de João? Mal-visto, no mínimo.
Mas com a novela, o assassino, ainda que tenha direito, por lei, à liberdade condicional (não estou dizendo que é o caso, apenas projete a imagem mental, para concluirmos juntos) não poderia (entendeu? Futuro do Pretérito) usufruir dela porque corre o risco de ser linchado publicamente.
Ninguém é maluco de dizer que os casos em questão não são graves. Não é o que discuto aqui, mas a abordagem feita pelo tema. Fatos acabam distorcidos, notícias ficam vazias e a pressão popular cresce como num final de novela.
Então antes de começar a gritar e espernear porque este ou aquele bandido foi solto, tente entender exatamente porque isso aconteceu.
Ou então podemos dar de vez o poder à mídia sobre a punição dada aos criminosos. Aqueles que matarem a classe média, com absoluta certeza terão pena mais rígida.
Quantos crimes existem na periferia e você não fica sabendo? Quantos estudantes são queimados por traficantes nas favelas e não há sequer um bloco do Jornal Nacional dedicado a eles?
É que a classe média não se identifica com a classe baixa, mas o contrário