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Em matéria a respeito da situação indígena no Brasil a revista cria declarações, inventa fatos e é desmentida por todos os lados...
A revista Veja apresentou uma ‘matéria’ intitulada “A Farra da antropologia oportunista” {{não acredite em mim}} onde apresenta uma série de dados e fatos, justificando a tese de que, no governo do PT, áreas indígenas são criadas a torto e à direita sem o menor critério.
A revista defende a teses de que muitas destas áreas criadas não são e nunca pertenceram aos índios, e que isso prejudica a economia brasileira na medida em que delimita áreas que poderiam ser utilizadas para a agricultura.
Uma reportagem, portanto, bastante corajosa pois, em tempos onde o politicamente correto predomina, é raro alguém se pronunciar contra os índios.
Melhor seria dizer que a reportagem seria corajosa, não fosse mentirosa.
A revista, para dar um exemplo, diz que:
"Não basta dizer que é índio para se transformar em um deles. Só é índio quem nasce, cresce e vive num ambiente de cultura indígena original", diz o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, do Museu Nacional, no Rio de Janeiro
Até aí sem problemas, exceto pelo fato de que o antropólogo não disse nada disso.
E quem fez o desmentido foi, claro, o próprio antropólogo E a própria reportagem (?!?!).
Em nova reportagem a revista Veja faz o desmentido:
O antropólogo Eduardo Viveiros de Castro enviou a VEJA uma carta - divulgada amplamente na internet - sobre a reportagem "A farra antropológica oportunista", publicada nesta edição da revista. Na carta, Viveiros de Castro diz: "(1) nunca tive qualquer espécie de contato com os responsáveis pela matéria; (2) não pronunciei em qualquer ocasião, ou publiquei em qualquer veículo, reflexão tão grotesca, no conteúdo como na forma".
Sua primeira afirmação não condiz com a verdade. No início de março, VEJA fez contato com Viveiros de Castro por intermédio da assessoria de imprensa do Museu Nacional do Rio de Janeiro, onde ele trabalha. Por meio da assessoria, Viveiros de Castro recomendou a leitura de um artigo seu intitulado "No Brasil todo mundo é índio, exceto quem não é", que expressaria sua opinião de forma sistematizada e autorizou VEJA a usar o texto na reportagem de uma maneira sintética.
{{não acredite em mim}}
O que está escrito aí em cima é que a Veja nunca falou com o tal antropólogo. Ela simplesmente pegou um estudo acadêmico dele (e que é, portanto, de livre leitura e utilização) e tirou uma frase atribuindo ao autor como se este tivesse conversado com a reportagem.
Repare que a revista diz:
diz o antropólogo Eduardo
O leitor é levado a crer que o antropólogo realmente falou aquilo. Todos sabemos que uma frase retirada de um contexto pode virar uma aberração, o mínimo, portanto, seria que a revista indicasse o texto acadêmico de onde retirou tal afirmação, para que o leitor não fosse obrigado a acreditar em seus editores.{{isso se a revista fosse isenta}}.
Fica claro que a intenção da revista foi defender agricultores e criticar a FUNAI. O próprio antropólogo desmente, em carta, afirmações atribuídas a ele, e que dariam descrédito à sua formação acadêmica.
Mais uma vez a revista mostrou sua cara. É tão difícil assim, fazer uma reportagem?
Em tempo: O texto original do antropólogo você encontra aqui. {{não acredite em mim}}
Ótimo texto!
deus nos salve da "liberdade de imprensa" da Veja!!
Úia quebramos uma barreira aqui! O senhor deixando um comentário?!
[]'s
Não só a Veja, como também a Record (sim, mais até que a própria Globo), são duas das mídias de massa mais subversivas desse país.
Sinto muito por quem lê uma "Veja" por semana e se acha bem informado (ou até mais inteligente). Pobres cidadãos brasileiros.
Parabéns pelo texto.