Legalização das drogas, já! - parte 1, o contexto






Legalização das drogas? O Brasil está preparado? Quais são as medidas necessárias para que isso ocorra e, que vantagens essa medida traria?  O assunto é mesmo complexo...

{{Crédito: United Nations Photo - não acredite em mim}}

A primeira coisa que precisa ser dita / vista quando o assunto é a legalização ou não das drogas, é o óbvio {{que neste caso não é nada óbvio}}: o que são "drogas"?

Um termo com usos variados. Na medicina, se refere a qualquer substância com potencial de prevenção ou cura de doenças ou melhora física ou bem estar mental; em farmacologia refere-se a qualquer agente químico que altere os processos bioquímicos ou fisiológico. {{não acredite em mim - PDF - Organização Mundial de Saúde}}

Ou seja, do que estamos falando? Pela definição formal {{a informal, segundo a OMS refere-se quase sempre à ilícitas, mas se vamos discutir a legalização precisamos de algo formal...}}, café e aspirina estão juntos, bem próximos mesmo, da cocaína e da heroína. Mas e aí?!

A questão, um tanto óbvia, é: quem vai definir e sob quais critérios definiremos que drogas são legais e que drogas devem permanecer ilegais? Outro dia no Twitter um leitor me lembrava do documentário "Cortina de fumaça" que aqui reproduzo:


Alguns pontos chamam a atenção, um deles a definição de periculosidade das drogas. Vejam bem, não há um só caso de morte por overdose de maconha, enquanto não podemos dizer o mesmo para o álcool, que mata por si, ou do tabaco. 

O ecstasy, por exemplo, só é letal se não for consumido com uma hidratação adequada {{ou seja, é letal se o usuário beber álcool e não tomar água enquanto usa a substância}}. O álcool mata ainda que você tome junto de água. Na verdade a droga que mais mata no mundo é o álcool, proibida apenas em países árabes {{e uma ou outra exceção}}. 

Discute-se abertamente a proibição do álcool? Já imaginou um ano novo sem álcool? Um casamento sem álcool? Vamos proibir o álcool? Não, claro que não. 

{{Crédito: United Nations Photo - não acredite em mim}}

A droga da foto aí em cima causa mais dependência física e mental que a maconha, chama-se café.

A bíblia recomenda o uso de drogas, não nos esqueçamos. Ela recomenda o uso moderado do álcool. As igrejas cristãs associam seu maior ícone a uma droga bem conhecida, o vinho. Não é ele, o sangue de Cristo?!

É claro, óbvio e chega a ser risível que alguém imagine que eu defenda a legalaização {{legalaise, saca?}} das drogas todas hoje, como está o país. Não é argumento, portanto, o famigerado "O Brasil não está preparado para a legalização das drogas". Não, cambada, não está. Mas porque raios estaria?!

Sob o olhar da saúde pública, por exemplo, é inegável que o tabaco causa muito mais prejuízo que o ecstasy ou a maconha. Quando o assunto é drogas, parece, esquecemos aquela coisa estranha chamada "História". 

A história está repleta de drogas. Temos drogas no Egito antigo, na China antiga e em todas as civilizações que já passaram por este planeta {{digo dos humanos, tá?!}}. A guerra contra as drogas, portanto, é das coisas mais utópicas já feitas por aqui. Mas ela mata. 

A guerra contra as drogas não mata somente traficantes e pessoas que fazem uso abusivo de drogas. A guerra contra as drogas mata usuários de ecstasy que, por conta da hipocrisia dos governantes, não tem bebedouros para reduzir os danos do entorpecente. A guerra contra as drogas mata de AIDS usuários de drogas injetáveis, que não recebem seringas descartáveis {{em tese, hoje, é distribuída pelo SUS}}.

Um usuário de oxi ou crack causa menos danos aos cofres públicos do que um usuário de álcool. Porque morrem "logo". Porque raios o governo vai se preocupar em trata-los?! Quando falamos em guerra, amigo, o orçamento conta mais que a vida dos soldados.

A política anti-drogas precisa ser encerrada. É preciso uma política de redução de danos e uma discussão ampla na sociedade sobre aquilo que deve ser proibido e aquilo que deve ser controlado. 

Até quando vamos aceitar calados que usar álcool não é usar drogas? Que os anti-depressivos  podem ser amplamente vendidos em farmácias {{com receitas de médicos que não estão preocupados em cuidar da saúde, mas em receber a porcentagem prometida pelas indústrias farmacêuticas}} e o usuário de cocaína é mente-fraca?! O mente-fraca do usuário de cocaína seria capaz de produzir artigos acadêmicos? Não sei, que tal perguntar para Freud?!

Chega de hipocrisia. A legalização precisa ser discutida.





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