Dois lados da mesma guerra



   Algumas reflexões sobre a Guerra no Rio de Janeiro. O súbito interesse do Estado nos morros do Rio de Janeiro são apenas frutos da boa vontade e da pressão popular? Os investimentos do PAC nos morros não teriam nada com o capitalismo?


   Você leu aqui mesmo neste blog (ou ali mesmo no PaperBlog) as possíveis razões para a ocupação dos morros por parte do tráfico e, posteriormente, por parte das milícias. Também foi dito que a ocupação é apenas parte da solução.

   A questão dos direitos humanos, da cidadania precisa ser revista, sob pena de uma nova ocupação da milícia ou do tráfico.

   Por isso, o tal PAC 2 {{parto do princípio que você não chegou agora de Marte e, portanto, sabe bem o que significa}} destina boa parte dos recursos do Rio de Janeiro aos morros e comunidades, mas existem coisas a se pensar nisso…


   A matéria aí de cima me fez pensar em algumas coisas {{e agradeço ao cientista político – esse de verdade, viu Lúcia Hipólito – pela dica e abertura dos olhos, valeu @DanielBMF}}:
1. O governo está preocupado em sanar o problema de moradia e pode, com isso, provocar futuros desmoronamentos. Ou o governo sabe que as áreas não apresentam riscos?!
2.  O PAC 2 seria possível com o domínio dos tráficos / milícias?
3. Além do óbvio {{moradores}} quem mais se beneficiará com as obras do Minha Casa Minha Vida?
   A questão número 1 é a mais complicada, porque envolve riscos reais de vida {{veja estou considerando a fatídica hipótese do governo não calcular os riscos das áreas dos morros}} no Rio de Janeiro. Não faz muito tempo e vimos coisas terríveis por conta, também disso.

   Não, a matéria não trata desse assunto {{casas nos morros}}, a matéria se apega a um entrave legal que é facilmente resolvido embora leve tempo, como diz o próprio texto da folha {{saiba porque não uso maiúsculas para a folha de são paulo}}; ou seja, o texto da matéria acaba desmentindo o título dela, depois reclamam do diploma

   Diz o texto:
“em áreas que ainda estão em fase de desapropriação e, portanto, os terrenos não estão totalmente regularizados”
{{não acredite em mim}}
   Ou seja, o texto dá a entender que é uma questão de tempo e burocracia para que fossem liberadas e, sendo assim, é louvável que o governo tome atitudes para apressar o início das obras, mas, claro, imparcial que é, a folha se esquece disso…

   Algo que a folha parece ter esquecido é o item 3, ou seja, a resposta da pergunta: Quem mais lucra com as construções das casas?

   Falarei baixinho, não espalhem: AS EMPREITEIRAS.

   Mas, e daí, seu Caipira? Daí, coleguinha, que adivinha só quem foi quem mais doou para as campanhas {{notou o uso do plural??}}:


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   Ou seja tanto faz a elas quem ganharia as eleições…

   Isto posto, fica no ar a questão do Rio de Janeiro: foi boa vontade dos governos ou as empreiteiras finalmente aprenderam que dá para ganhar muito dinheiro com a população de baixa renda?

   Não foi o Lula que disse outro dia:

   Pois é, as empreiteiras aprenderam a ser capitalistas, o Rio de Janeiro aprendeu a ser capitalista e os traficantes foram morro acima {{e, ao que parece, cano abaixo}}.

   Viu só como não é uma questão de bonzinho e malzinho? Uma ação, aparentemente nociva {{pressão das empreiteiras}} serviu para uma ação apropriada…

   Vale lembrar que não são apenas as empreiteiras que lucram {{mas são as que, diretamente, mais lucram}} com um morro incluído no Estado, bancos, saúde pública e diversas empresas privadas ganham um mercado totalmente novo {{embora velho}} para explorar...

   Mas, ei, é só uma teoria…


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