Guerra no Rio de Janeiro?! O que há por lá?! Parte 1



   Afinal, o que está acontecendo no Rio de Janeiro?! Os traficantes estão com o controle ou estão mesmo fugindo?! É o mesmo que aconteceu em São Paulo em 2006?! Qual a origem do conflito? Há soluções?!

   Polvilhos e Polvilhas o momento é tenso e exige explicações. Eu tentei evitar, tentei fingir que não estava acontecendo mas o momento exige que se esclareçam algumas coisas.

   Para tentar clarear a minha mente de tanta morte e assassinato eu acabei pensando em como essa história toda se deu, qual foi a origem disso tudo e onde vamos parar…

   A questão não é de hoje, a questão está ligada ao início daquilo que um dia se chamou “Progresso”, bem ali, ao final do século XIX e início do século XX.

   "Esse Caipira enlouqueceu de vez" dirá a sagaz leitora e o desconfiado leitor. E, de fato, esse Caipira aqui nunca foi muito normal, mas peço que continue a leitura para, quem sabe, entender meu ponto de vista.

   O Rio de Janeiro no início do século XX passava por uma série de reformas urbanas, que procuravam aproximar a então capital federal à Europa e, mais especificamente, tinha como inspiração as profundas mudanças que ocorreram em Paris no início do século XIX, cujo crítico principal foi Baudelaire.
        
cerbobra
{{Cerimônia de Inauguração das obras para abrir a Avenida Central. Foto do livro "Rio de Janeiro - Uma viagem no Tempo" de Fernando da França Leite}}

   É público e notório que as reformas na cidade levaram a população de renda mais baixa à periferia da cidade do Rio de Janeiro, que, como se sabe, não é das cidades mais extensas. Sobrou, a esta população, o morro.

“O Morro não tem vez e o que ele fez já foi demais, mas olhem bem vocês, quando derem vez ao morro toda a cidade vai cantar”

   Tenho certeza absoluta de que não foi isso que Tom Jobim quis dizer com “quando derem vez ao morro toda a cidade vai cantar”, mas, de fato, foi o que ocorreu.

   Não, o morro não é só traficante. O morro não é só drogas. Claro que não. Mas é inegável o poderio do poder paralelo.

   Em São Paulo, cidade com extensão territorial bem maior que o Rio de Janeiro, a população de baixa renda é escondida na periferia. O contato com a violência é mais raro o que acaba causando uma sensação de segurança maior. O Rio de Janeiro é limitado pelo morro. Junte isso com o ‘bota abaixo’ e você sabe quem foi morar ali no morro…

   Chegamos então ao cerne da questão, o poder paralelo e aquilo que o mantém. Deixemos a questão no ar e vamos de volta a São Paulo.

   Em 2006, como se sabe, houve uma série de ataques a policiais civis, militares e até mesmo os que estavam servindo ao corpo de bombeiros. Á época houve um total de 437 mortes civis entre bandidos e inocentes e um total de 45 policiais e agentes de segurança. As informações constam de um documentário {{não acredite em mim}} e referem-se aos ataques do PCC não apenas em São Paulo {{Paraná, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Bahia}}.

ATUALIZAÇÃO: {{Obrigado @Maria_Fro}} Foram mais mortes:


   Em todo o ano de 2006 foram mortos 495 civis no Estado de São Paulo. E isso dá conta da carnificina que foi. Os policiais mataram mais inocentes do que o próprio PCC.

   Não quero, com isso, dizer que a polícia, numa situação como esta, deva entrar com uma bandeira branca em punho dizendo: “gente, make love not war”. Não sou tão maluco assim.

   Em São Paulo os ataques foram planejados com antecedência e foram fruto de revolta por transferência de presos, numa tentativa de desarticular o crime organizado. Em São Paulo, segundo “Nagashi Furukawa, ex-secretário da Administração Penitenciária” do governo Alckmin / Lembo, não houve acordo, o que houve foi o governo ceder à pressão do PCC {{maior facção criminosa dentro de presídios do mundo}}:


{{veja a partir de 8 minutos e 17 segundos, ou seja, apenas aperte o play que eu já facilitei ‘pro c’}}
“Não vejo como acordo nenhum (…) e se nós negássemos e as mortes continuassem, aí sim nós poderíamos ser responsabilizados”
A situação foi, portanto, bem diferente da descrita por Rodrigo Pimentel em entrevista ao site Terra:

bope

   Mas voltemos à questão deixada no ar logo no início do texto. Quem é o poder paralelo e o que é que o mantém… É mais do que claro que a grande questão do PCC, Comando Vermelho e do poder paralelo das milícias é uma questão de saúde pública.

   O problema é bem conhecido da nação e atende pelo nome genérico de tóxico ou droga use você o eufemismo ou não, todo usuário de droga ilegal é também um mantenedor desse sistema.


   O que não implica em dizer que A CULPA seja do usuário. Não, é preciso relativizar essa questão. A culpa é do usuário mas é minha e sua. E de quem achou bonita a tal reforma {{Alô, Olavo Bilac, você também tem culpa no cartório}} do século XIX. Tem culpa o governo também.

   Mas a principal razão é a criminalização das drogas. É preciso descriminalizar. É preciso legalizar, arrecadar impostos e, principalmente, controlar a produção, ganhos que vem com a legalização.

   E o nobre leitor sabe que não estou dizendo simplesmente para que amanhã ou depois simplesmente se libere e taxe o plantio ou produção de outras drogas. É preciso antes uma política de saúde pública, com redução de danos e conscientização da população.

   Um trabalho a longo prazo, para 5 ou 10 anos. Você que é contra apenas lembre-se de que desde antes de Jesus Cristo já havia uso de tóxicos / drogas. No Egito antigo já havia este tipo de substância.

   É razoável supor que o ser humano sempre usou drogas. E, muito provavelmente, sempre usará. A partir daí a questão passa a ser, simplesmente, de que forma vamos controlar isso.

   Está claro para mim que a atual forma de controle não funciona. Você tem dúvidas? {{não deixe de ler a parte 2}}

morro


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