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Morte de Néstor Kirchner escancara o já escancarado machismo da mídia brasileira. Na ânsia de mostrar a importância do ex-presidente permitem-se não esconder a desconstrução da mulher na política.
Posso estar maluco, é verdade. Mas quando, logo no início da matéria {{o vídeo se encontra ao final deste post}}, o jornalista diz:
“Quem governa é a mulher. Mas era ele quem mandava, dizem os argentinos. (…) Néstor Kirchner, 60 anos, construiu com Cristina um modelo singular: o governo de casal.”Podemos concluir que, num casamento, quem manda é o homem. Não estou forçando a barra, estou apenas interpretando a frase, no contexto em que me foi dado.
O jornalista impõe aos argentinos este aparente machismo. O jornal “Clarín” toma também como verdade apenas parte deste fato. Diz o jornal que:
“Las grandes medidas de esta gestión, y de la anterior, lo tuvieron siempre como ideólogo, consejero o fuerte impulsor.”É preciso considerar, no entanto, que o Clarín sempre foi opositor ao governo atual e mesmo ao do ex-presidente. Quando pegamos um jornal menos conhecido a nós brasileiros, em matéria sobre o mesmo assunto, as dúvidas são outras:
“El discurso de los dirigentes del establishment se cuidó en destacar los logros económicos de Kirchner en enfrentar la crisis y prometiendo apoyo a la Presidenta. Pero no ocultó cierta preocupación sobre la recomposición del escenario tras esta inesperada ausencia.”
Não há dúvidas de que há temores políticos na morte do
Não podemos cair na besteira machista de achar que Cristina não tem autonomia para tomar decisões sozinha. Ou que nunca teve. É preciso que deixemos os nossos legados romanos para trás e ver que, queira você ou não, as mulheres já podem expressarem-se livremente. Que coisa, não?
Cristina, queiramos nós ou não, é advogada e foi senadora por duas províncias {{Santa Cruz e Buenos Aires}}. O marido, vejam só, não foi senador. Foi governador e presidente da UNASUL, antes de ser presidente.
Não se justifica, portanto, o argumento ‘wesliano’ de que ela nunca se interessou por política ou de que ela nada entende de política.
O engraçado do machismo é que ele simplesmente não se sustenta.
Na matéria do Jornal da Globo {{o inacreditável Jornal da Globo}} o passado político do presidente é ironizado, diz o repórter:
Quanto ao passado político de Cristina bem, ele simplesmente não existe. A construção de Néstor como chefe patriarcal e único ser pensante do casal se dá pela ausência do passado político de sua esposa, a não ser, é claro, quando ele {{o Homem}} decide.“Discreto governador da despovoada Santa Cruz, na patagônia”
{{não acredite em mim, veja o vídeo ao final deste post}}
Interessante até onde pode nos levar essa história de poste, não acham?
Jornal da Globo e o machismo escancarado…